Um pouco de mim

Minha foto
Distrito Federal, Brazil
Primeiramente: o título nos leva a diversas interpretações. Talvez a polissemia do termo "indiferente" cause dualidades. Mas a minha real intenção é dizer que quando as várias diferenças assumem seus lugares, sem precisar de rotulações, elas se tornam comuns, ou seja, NORMAIS porque "ser diferente é normal!". Por isso, permitam-se! As diferenças que todos nós temos só nos tornam mais exuberantes e únicos nesta vida. Façam valer! "O tempo não pára"! Agora falando de mim: sou um ser que age para os outros como gostaria que agissem para com ele. Simples estudante, trabalhador, homem e lutador que faz da sua rotina um marco para experiências incríveis, talvez "repetidas", mas sempre únicas. Como pré-operador do Direito, busco a melhoria para nosso País e isso não é demagogia política, é apenas uma utopia de um cidadão comum. Espero, creio, quase que infinitamente, num mundo diferente. E faço minha parte daqui para que ela se dissemine e que haja discussões interessantes das quais aperfeiçoaremos o que mais de uma cabeça, e só se é possível "pensar bem" assim, pode pensar.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

"A Noite Escura e Mais Eu". (Lygia Fagundes Telles)

Este é meu primeiro post onde tratarei de literatura.
Não com toda a veemência de um expert no assunto, mas com a sensibilidade de um leitor comum. Um amante das letras.
Acabo de ler um livro de contos de uma escritora brasileira, reconhecida mundialmente pelo estilo e graciosidade na escrita.
Falo do livro A Noite Escura e Mais Eu da escritora Lygia Fagundes Telles.
Antes de expor a minha opinião e tecer meus elogios sobre o livro, transcreverei uma pequena biografia da artista, inclusa no verso deste livro:
"Lygia Fagundes Telles  nasceu e vive em São Paulo. Formou-se em Direito na USP e também fez o curso na Escola Superior de Educação Física, da mesma Universidade".
Eis a imagem da obra:

Passo então a expor minha opinião sobre o livro.
Vou me limitar a alguns contos, porque se a curiosidade despertar em quem ler esta postagem, segue como sugestão o livro para leitura da obra toda.
Quantos contos memoráveis. Com o uso indiscriminado, exagerado e, por isso, tão essencial de metáforas, para fazer a imaginação subir, ir além.

O primeiro que me emocionou foi Boa noite, Maria. O conto de uma personagem, Maria, que numa idade avançada conhece um senhor, estrangeiro, no aeroporto de São Paulo que a ajudou a retirar e carregar as malas do saguão para um táxi. A paixão elasteceu o coração daquela pobre senhora - pobre de amor, por conta da solidão que sempre a acompanhou -, pois, apesar de tão rica, tão pouco amada. Aquele homem despertou nela um desejo há tempos reprimido. Apesar de mais jovem, ele encarou-a como nova porta para o amor. Dona Maria, ao chegar em sua casa, após a volta do aeroporto até lá, o fez um convite "Fique". E desse ficar o homem a amou, tão intensamente como jamais antes, em todos os 60 e poucos anos dela.
A idade, nua, crua e cruel, afetou a Dona Maria, fazendo-a fraquejar em diversas áreas do corpo. Pernas, coluna, enfim coisas da idade.
E num suspiro, ela pede ao homem da vida dela que a abrace, pois ela tem frio. Aperta-lhe a mão e diz para ficar, até que o homem, enegrecido de emoção diz: "Boa Noite, Maria".

Outro conto encantandor é Uma Branca Sombra Pálida. A história se reveste a partir de um suicídio. Suicídio de Gina. Uma garota feliz, risonha, adoradora do assunto morte e que pôs fim ao seu "fio da vida".
Tudo acontece quando sua mãe vai visitá-la no cemitério com rosas brancas e nota que outras vermelhas foram deixadas ao redor. Desconfiada e sabida de quem o fez, rememora os passos que foram traçados até o adeus de sua filha. Gina era muito próxima de Oriana, um alguém que sempre esteve com ela, em todos os momentos. E esse grude inexplicado fez com que sua mãe desconfiasse de uma possível relação amorosa entre as duas, o que causou uma discussão horrenda.
As diretas foram lançadas a Gina, como facas de dois gumes. Indagações sobre o porquê de ela "esconder" o que todos já sabiam, as falácias de que ela estava sendo desonesta e mentirosa criaram em Gina um súbito desejo de desaparecer. E num momento do conto, ela estava a cortar os caules de rosas avermelhadas com uma tesourinha de cortar unhas. No momento da discussão, ela correu corredor afora e abraçou com força sua mãe, que pediu para ela largá-la e que ela ficaria bem.
Após isso, a tesourinha que cortara caules, cortou-lhe o seu "fio da vida". E a dor de não tê-la, causou na mamãe um remorso, onde só a presença de Oriana sanaria a dor da perda. Afinal, Oriana foi quem esteve com Gina e a correlação daquela com a mamãe de Gina, é o amor incondicional por esta.

O último a ser descrito é Anão de Jardim e, francamente, este quase fez cair dos meus olhos uma lágrima.
O tema se passa na infelicidade de um anão de jardim, feito de pedra, que gostaria de receber o sopro da vida. Pois vivo ele evitaria o assassinato do seu dono, um Professor que tocava violoncelo para ele. A morte fora causada pela companheira, que tinha amantes e, com o último, um corretor de imóveis, planejaram a tragédia. Calculada no mais íntimo detalhe: envenenamento, no chá da tarde.
Após a tragédia, a busca pelos bens. A expulsão da empregada que era cúmplice. O fugiente gato que se separa do lar. A demolição da casa para vendê-la. E no canto, no caramanchão, o velho anão e o violoncelo estraçalhado pelo tempo.
A agonia do anão em querer ter vida, para impedir o ataque ao seu dono, para experimentar o calor de ter no peito um coração e não um oco.
Um vazio de tristeza, que terminou em estilhaços após um golpe de picareta no anão - velho, enrugado, sério, com ar de filósofo -, pelos funcionários que estavam no terreno, preparando o local para venda.

Se este mínimo relato satisfizer o propósito de expandir o desejo pelo livro, desejo a todos

Boa Leitura!

Nenhum comentário:

Postar um comentário